Levantamento segue metodologia do Dieese e contempla 53 produtos de primeira necessidade
A partir da ausência de dados de acompanhamentos a nível municipal dos preços dos produtos que compõem uma cesta básica, capazes de apoiar gestores municipais e de fornecer dados seguros, foi que surgiu o projeto de extensão “Pesquisa Municipal da Cesta Básica de Alimentos (PMCBA) no Município de Frederico Westphalen/RS”, desenvolvido pelo curso de Ciências Contábeis da URI, Câmpus de Frederico Westphalen.
Conforme a professora orientadora do projeto e coordenadora da graduação, Diana de Souza, o levantamento contempla 53 produtos de primeira necessidade, divididos em quatro grupos – alimentos, material de higiene, material de limpeza e artigos de uso geral. Os alimentos pesquisados são indicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir de pesquisa dos orçamentos familiares que apontam os itens presentes diariamente na mesa da maioria da população brasileira. Leva em conta também a quantidade de produtos consumidos, considerando a média de quatro pessoas.
Após a coleta, os dados são analisados e comparados, estabelecendo a variação de preços e gerando informações sobre o custo da cesta básica mínima necessária para o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta, contendo quantidades balanceadas de proteínas, calorias, ferro, cálcio e fósforo. As informações são divulgadas nos meios de comunicação locais e se tornam de fundamental importância aos consumidores, gestores públicos, produtores locais e sociedade em geral, pelos números levantados.
Peso no salário
A jornada de trabalho necessária para comprar a cesta básica em Porto Alegre é de 125 horas e 16 minutos. Um consumidor gasta 61,55% do salário mínimo para adquirir os itens da lista.
"Essa sensação de que tudo está mais caro, e com o salário tu compra cada vez menos, ela é verdadeira. Porque, nos últimos anos, os salários não conseguiram acompanhar a alta dos alimentos, que foi bem acima da inflação", diz Daniela Sandi, economista-chefe do Dieese no RS.
O Dieese afirma que o salário mínimo necessário para cobrir as despesas com alimentação sem comprometer a renda do trabalhador deveria ser de R$ 6.547,58. O valor é cerca de cinco vezes o mínimo atual, de R$ 1.302.
Variação de alguns produtos
O preço do óleo de soja diminuiu em todas as capitais entre fevereiro e março. As reduções oscilaram entre -8,06%, em Belo Horizonte, e -0,81%, em Aracaju. Em 12 meses, todas as cidades apresentaram redução, com destaque para as diminuições em Campo Grande (-26,46%), Belo Horizonte (-25,41%) e Rio de Janeiro (-20,21%). A baixa demanda externa do grão e o avanço da colheita no Brasil foram os fatores que pressionaram o preço para baixo; além disso, os altos preços praticados no varejo inibiram a demanda.
O valor médio da batata diminuiu em todas as capitais do Centro-Sul, onde o tubérculo tem o preço coletado. As quedas oscilaram entre -22,22%, em Belo Horizonte, e -8,74%, em São Paulo. Em 12 meses, o valor da batata teve queda em quase todas as capitais, exceto em São Paulo (5,11%). Destaca-se a variação registrada em Brasília (-25,26%) e Campo Grande (-18,86%). O volume ofertado foi alto, em virtude da colheita da safra das águas, o que diminuiu o preço no varejo.
A pesquisa captou retração no preço médio do café em pó em 16 capitais e a única alta foi registrada em Natal (0,20%). As variações em destaque são as de Vitória (-4,32%), Brasília (-3,01%), Florianópolis (-2,79%) e Porto Alegre (-2,71%). Em 12 meses, o valor médio acumulou aumento em 10 capitais, sendo que Belém apresentou a maior variação, de 9,76%. Entre as cidades que tiveram redução, chamaram atenção as variações de Brasília (-17,84%) e de Vitória (-12,87%). Houve diminuição das cotações externas do grão e, internamente, a indústria não realizou negociações. No varejo, o movimento foi de recuo nos preços.
O valor do quilo da carne bovina de primeira diminuiu em 12 capitais, com destaque para as variações de Goiânia (-3,29%) e Brasília (-2,38%). As elevações oscilaram entre 0,28%, em São Paulo, e 0,90%, em Florianópolis. Em 12 meses, 15 cidades mostraram recuo no preço médio, com destaque para Brasília (-8,45%), Goiânia (-5,33%) e São Paulo (-5,29%). A suspensão das exportações para a China, pelo período de um mês, fez com que o valor da arroba caísse em março. No varejo, a demanda foi fraca, devido aos altos patamares de preço da carne de primeira.
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